MANIFESTAÇÕES MIRACULOSAS
Anos atrás tive a
oportunidade de dar estudos bíblicos para um grupo de mais de trinta pessoas
que compreendendo o plano de salvação saíram do catolicismo romano e passaram a
se reunir para estudar a bíblia. Depois de mais de um ano, alguns me chamaram e
disseram: “de todos que já ouvimos, você
é o que mais se aproxima dos ensinos bíblicos, somente erra em não crer que
hoje há o batismo com Espírito Santo e nos dons de cura, profecias e línguas,
se você aceitar estas coisas, vamos todos ser membros com você”. Quase é desnecessário
dizer que eles se espalharam para as denominações pentecostais.
Confesso que
estou preocupado, pois está se tornando comum ouvir de irmãos, entre nós, que
estão abraçando esta idéia e até causando divisões em algumas igrejas.
O BATISMO COM (em, ou no) ESPÍRITO SANTO
A PROMESSA – Em Mt. 3.11, Mc. 1.8; Jo. 1.33-34,
João Batista, está prometendo que O Senhor Jesus é quem batizaria os crentes
verdadeiros com (em, ou no) Espírito
Santo, e quando chegamos em Atos 1.5, encontramos O próprio Senhor Jesus prometendo
que Seus discípulos seriam batizados com Espírito Santo dentro de poucos dias
(entre a páscoa e o pentecostes eram 50 dias, já havia passado 40, restavam 10),
e estes, seriam revestidos de poder para que fossem suas testemunhas aqui no mundo
(Atos 1.8).
O CUMPRIMENTO DA PROMESSA – Para que o
Senhor Jesus batizasse os crentes no Espírito Santo, era necessário que O
Senhor Jesus fosse para o céu (Atos 1.9), e no cap. 2.3 encontramos o cumprimento
da promessa que foi para a formação da igreja como O corpo de Cristo, o que
Paulo afirma mais tarde em 1ª Cor. 12.13 “Pois,
em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer
gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só
Espírito.” Portanto, o batismo com Espírito Santo, se trata de algo inédito (porque nunca antes havia
acontecido), único (porque nunca
mais repetiria),e permanente (porque
O Espírito Santo veio habitar nos salvos para sempre).
PROFECIAS E PROFETAS
O dom de profeta no
NT foi dado para o inicio da igreja o que se fazia extremamente necessário,
isto porque quando um irmão ia falar ou escrever (me refiro as cartas do NT), era tudo por revelação, seus ensinos
orais e escritos vinham diretamente da parte de Deus, porque naquele tempo não
existia as Escrituras do NT, sendo que estas que hoje temos em mãos, estavam,
naquele tempo, sendo escritas pela inspiração do Espírito Santo. Tudo o que hoje
lemos no NT, naqueles dias, eram algo novo, portanto, cada ensino era por profecia. A partir de que as Escrituras
do NT foram completadas, deixou de ser necessário o dom de profeta. Hoje, os profetas
e as profecias que há, são falsas,
porque está escrito: “Se alguém fala,
fale de acordo com os oráculos de Deus” (1ª Pedro 4.11a); isto significa
que, hoje, devemos falar segundo o que Deus já nos tem revelado em Sua Santa
Palavra. Revelações extra - Bíblia, são falsas. Será oportuno lembrar que o
ministério dos profetas, naquele tempo, não era somente o de predição de coisas
futuras, mas o de edificar, exortar e consolar os crentes. (1ª Co. 14.3; At.
15.32).
DONS MIRACULOSOS
As manifestações
miraculosas dos dons dados como sinais, vieram com propósito definido, inconfundível
e somente para determinado tempo. Trataremos dos mais divulgados hoje em
dia, no propósito de que o povo de Deus aprenda e percebam o quanto estas
idéias estão distantes desta VERDADE. Vamos começar considerando que:
O
SENHOR JESUS REALIZOU MUITOS MILAGRES
Quando dizemos
que neste tempo da igreja hoje não há mais pessoas com dom de curar e operações
de milagres, é muito comum que as pessoas citam que o Senhor fez muitas curas e
milagres e que Ele não muda (Hb.13.8). Que o Senhor Jesus é imutável, é uma
verdade, e nunca duvidamos, mas é preciso compreender COM QUE PROPÓSITO nosso Senhor Jesus realizou muitos sinais
milagrosos. Foi que através de realizações milagrosas, o Senhor Jesus cumpriu
as Escrituras proféticas (VT), ficando autenticado que Ele era o enviado
Messias de Israel, que os judeus comparando as Escrituras com o que O Senhor
Jesus estava fazendo, deveriam crer Nele e recebê-Lo como seu Messias. Vejam
algumas profecias e seus cumprimentos: Is. 35. 5-6; 42. 6-7; 53.4 (Mt. 8.16-17 comp/ Hb. 2.
3-4) ; 61.1 (Lc. 4.16-21):
a) Cegos
recebendo a visão: (Mt. 9. 27-31; 20. 29-34 etc).
b) Mudos
tendo suas línguas soltas e surdos
passando a ouvir: (Mt. 9. 32-33; Mc. 7. 31-37).
c) Coxos
saltando como cervos: (Mt. 15. 30-31; 21. 14).
d) Enfermidades
diversas sendo curadas: (Mt. 8. 1-4; Lc. 17.11-15).
e) Cativos
sendo tirado da prisão: (Lc.8.26-35).
f) Encarcerados
que jazem em trevas (pode se referir aos mortos): (Mc. 5.35-43; Lc. 7.11-17;
Jo. 11.14, 34-37, 43-44).
g) Pregador das boas novas: (Mt. 4.23; 9.35 etc.).
h) Curar os quebrantados de coração: (Mt. 11. 28-29).
i) Colocando em liberdade os algemados: (Lc.13. 10-13, 16).
Outra confirmação
da verdade que os sinais operados pelo Senhor Jesus seriam para autenticar ser
Ele o Messias, foi na resposta do Senhor Jesus a pergunta de João Batista, se
Ele era o esperado ou seria outro, vemos a confirmação de que Ele é o Messias
de Israel e que as provas se evidenciavam pelos sinais vistos e o que
estavam ouvido (Mt. 11. 2-5). Logo, os sinais feitos por Cristo serviram para
autenticar que Ele era o Messias, mas muitos são hoje em dia que querem fazer
do Salvador, um mero curador de doenças,
como se fosse esta a Sua missão.
O
SENHOR JESUS, DEU AOS APÓSTOLOS AUTORIDADE DE OPERAREM SINAIS MIRACULOSOS
Se fazia
necessário que os que andavam com Ele, e por Ele foram enviados tivessem a
mesma autoridade para realizações milagrosas, a fim de que, se evidenciasse que Jesus era o Messias de
Israel, que eles deviam recebê-Lo. Vamos destacar os seguintes acontecimentos:
1º) Quando Ele enviou os doze: Mt. 10. 1, 5-8
Três detalhes importantes 1) v. 1 O Senhor deu a eles poder sobre os demônios e
enfermidades; 2) v. 5 Eles não deviam ir aos gentios e nem aos samaritanos, 3)
v. 6 O compromisso deles era com “as ovelhas
perdidas da casa de Israel”. Era necessário evidenciar através deles que
Jesus era o Cristo prometido à casa de Israel.
2º) Quando Ele enviou os setenta: Lc. 10. 1, 9,
17-20 Ao voltarem os setenta,
estavam cheios de jubilo por exercerem autoridade sobre os demônios. Porém o
Senhor Jesus lhes mostrou que tudo aquilo era menos importante do que
terem seus nomes arrolados nos céus, Indicando nisto, que aquelas manifestações
eram transitórias, enquanto a salvação deles era eterna.
3º) O Senhor Jesus prometeu aos discípulos, que
sinais miraculosos acompanhariam aqueles que cressem (Mc. 16. 17-20): Isto
foi após a Sua ressurreição e antes de Sua ascensão, não deixando dúvidas que a
promessa era para o tempo do inicio da igreja. Vejamos os seus motivos e alguns dos seus cumprimentos e sua cessação:
Nós cremos que de
fato o Senhor Jesus ressuscitou dentre os mortos e que deu provas disso quando
esteve e comeu com os seus discípulos durante quarenta dias depois de
ressuscitado (At. 1.3-4), mas, para o mundo, a última noticia que souberam a
respeito de Jesus Cristo foi que os discípulos haviam roubado seu corpo (Mt.
28.11-15). Neste caso, para que as autoridades de Israel fosse desmascarada e
os demais soubessem que, de fato, Jesus tinha ressuscitado dentre os mortos e
estava vivo, aconteceram muitos sinais, sendo que o primeiro foi o milagre das línguas (At. 2) e que na pregação de
Pedro está escrito nos versículos 22 a 24 “Varões
israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por
Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus
realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este
entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes,
crucificando-o por mãos de iníquos; ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo
os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela”.
O segundo foi o milagre da cura do
coxo de nascença (At. 3), e mais uma vez na pregação de Pedro, ele, mostra que
também esta obra foi feita por Cristo ressuscitado, vejamos os versículos
13-16: “O Deus de Abraão, de Isaque e de
Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós traístes
e negastes perante Pilatos, quando este havia decidido soltá-lo. Vós, porém,
negastes o Santo e o Justo e pedistes que vos concedessem um homicida.
Dessarte, matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos,
do que nós somos testemunhas. Pela fé em o nome de Jesus, é que esse mesmo nome
fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por
meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós”. Repare a
mensagem quando estes servos de Deus estiveram perante o Sinédrio, tribunal que
deu a sentença ao Filho de Deus (4.8-12). Comparem também um testemunho fiel (4.25-26,
30).
Podíamos estender
uma enorme lista de operações de milagres, mas o que temos visto e os motivos
porque se evidenciaram, já são suficientes, agora, porém, vamos mostrar alguns
acontecimentos que mostram que depois de uns anos, Paulo que no passado curou
enfermos, agora não cura mais, em hipótese alguma, vamos pensar que ele se
tornou menos espiritual, mas sim que estas manifestações tinha chegado ao fim,
como podemos notar em 1ª Tm. 5. 23, Paulo não curou Timóteo, mas lhe recomendou
que tomasse um pouco de vinho como remédio por causa de suas freqüentes
enfermidades; já em 2ª Tm. 4.20, novamente encontramos um amigo e irmão em
Cristo que estava doente, o qual era muito querido de Paulo; este simplesmente
diz: “... e deixei Trófimo doente em
Mileto”.
O DOM DE LÍNGUAS
Dentre os dons
prometidos como sinal em Marcos 16. 17-20, está o dom de línguas. Muitos querem
dizer, que nós (os não pentecostais) estamos proibindo as pessoas de
exercitarem este dom, porém isto não é verdade, pois não proibimos, e nem há
necessidade disso, haja vista, que o mesmo não está em evidência em nossos
dias.
Quando
perguntamos a certas pessoas de diversos seguimentos pentecostais, sobre a
veracidade do Dom de línguas em nosso tempo, eles responderem que sim.
Normalmente colocamos outra pergunta: O que existe hoje sobre o referido dom de
línguas, é bíblico?, respondem que sim. Outra pergunta: Quais são as provas?,
quase que há unanimidade na resposta: “É
minha experiência pessoal, quando falo em línguas estranhas me sinto mais leve,
como se eu tivesse voando....” Aí perguntamos: Você e os que te ouvem,
sabem o que estás falando?, normalmente a resposta é “não”, ou alguns dizem “talvez”.
Perguntamos: quando você fala em línguas há intérpretes? a resposta sempre é “não” com rara exceção. Finalmente perguntamos:
E as mulheres falam também?, ao que respondem “claro, são elas que falam mais”. Bem, por estas respostas, e com o
conhecimento bíblico que temos sobre o assunto, podemos afirmar que AS LÍNGUAS
FALADAS hoje nas diversas “igrejas”, está longe do que era na igreja primitiva,
e são línguas “estranhas” de verdade, pois não são de origem bíblica, como
veremos a seguir:
O DOM DE LÍNGUAS ACOMPANHOU O COMEÇO DA IGREJA E
ERAM IDIOMAS
Conforme o
registro de Atos 2.1-13, em Jerusalém, os crentes judeus falaram línguas
estrangeiras e o motivo foi que os participantes da festa de pentecostes, eram
judeus estrangeiros que tinham vindo de seus paises de origem e precisavam
presenciar aquele milagre em cumprimento de Isaías 28.11-12. Havendo naquela
ocasião da festa, cerca de dezessete representação diferente, entre paises com línguas
(idiomas diferentes), regional com diferentes dialetos e das províncias romanas
e de prosélitos ao judaísmo, e todos ouviram falar em sua própria língua
materna as grandezas de Deus (vv. 7-11). Se faz necessário notar nestes
versículos que na maioria dos presentes que ouviram das grandezas de Deus: 1º) eram
judeus de origem; 2º) Estrangeiros de nascimento.
Como acabamos de
ver que em Atos 2, não foi preciso muito esforço para entendermos que o que aqueles
galileus falaram foram idiomas; agora vamos confirmar esta mesma verdade
estudando, 1ª Co. 14:
1º) 1ª Co. 14.2
Este versículo que causa tanta confusão para muitos, é um dos muitos que deixa
claro que se trata de idiomas às línguas que eram faladas. Aqui Paulo destaca
que alguém falando em língua estrangeira não é entendido pelos ouvintes cabendo
somente a Deus. “Deus o entende”. Não
é difícil de entendermos de que se trata, não do conteúdo da mensagem que o
irmão estaria transmitindo, mas, o meio usado, porque o conteúdo da mensagem
era sim entendida, e caso não, era preciso um interprete (1ª Cor.14:27), mas o
exemplo em At. 2.7-8, é que eles entenderam as mensagens em línguas que
chegaram a dizer: “E como os ouvimos
falar, cada um em nossa própria língua materna?”, neste caso, eles entenderam
as mensagens que falavam das grandezas de Deus, mas não entenderam como que estas
mensagens vieram daqueles galileus iletrados. É isto que Paulo está dizendo em
1ª Co. 14.2 que “ninguém o entende”, o
artigo “o” define o elemento que
fala e não o conteúdo de sua mensagem. E falava de mistérios, isto quer dizer,
coisas que ainda estavam sendo reveladas.
2º) Em 1ª Co. 14.
7-9 Nestes versículos, através de exemplos que Paulo usa, nos é confirmado mais
uma vez serem (idiomas estrangeiros), e não línguas extáticas, como segue:
a) v. 7 Aqui ele
usa o exemplo de pessoas tocando instrumentos musicais: Por exemplo, os
tocadores da flauta e da cítara deveriam tocar de maneira bem distinta, para
não haver confusão e tornar conhecido quem toca na flauta e quem toca na
cítara.
b) v. 8 Outro
exemplo que ele usa é o da trombeta. Todo homem que foi soldado no Exercito,
sabe que existem vários toques diferentes para diversas atividades, inclusive
um para se preparar para a batalha, com isto, ele está dizendo que se a
trombeta der som incerto, ninguém se preparará para a batalha, pois sendo som
incerto não se entende.
c) No v. 9 temos
a conclusão destas ilustrações: “Assim, também vós, se, com a língua, não
pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? Porque
estareis como que falando ao ar ”. Nas reuniões da igreja, nossas palavras,
tem que ser para TODOS entenderem, e somente assim a igreja será edificada e
terá o crescimento espiritual desejado. Caso não seja assim, Paulo conclui: “porque estareis como se falásseis ao ar”.
Tudo seria sem proveito nenhum. Irmãos, isso é algo muito sério!
3º) Outro
argumento que Paulo usa para que ninguém fique com dúvidas que as línguas
faladas eram idiomas estrangeiros, está em 1ª Co. 14.10-11, concordando
plenamente com Atos 2. 5-11:
a) v. 10 “Há vozes diferentes no mundo”, são vozes
diferentes que estão no mundo – Estas fazem parte da diferenciação feita por
Deus (Gn. 11. 7-9). Todas as línguas existentes no mundo têm o seu sentido.
b) v. 11 Para
ilustrar isto, Paulo se coloca frente a um desconhecido estrangeiro: O que
ambos perceberá? “serei estrangeiro para
aquele que fala; e ele, estrangeiro para mim”. Em hipótese alguma, Paulo e
o estrangeiro, falavam coisas sem sentido algum, como são hoje apresentados
entre os diversos grupos pentecostais, inclusive no catolicismo.
A conclusão que
chegamos é que as línguas que foram faladas no livro dos Atos, e as mostradas
doutrinariamente em 1ª Co. 14, eram idiomas estrangeiros, e não línguas
extáticas.
O estudo neste
artigo está resumido por causa do espaço, mas se desejar, poderá entrar em
contato comigo para obter gratuitamente o estudo na sua íntegra.
Severo Miguel de
Oliveira
Caixa postal 605
Paranavaí – PR
87701-970
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