O JUGO DESIGUAL
Leitura 2ª Corintios 6.14 -
16
A palavra “jugo” no tempo
moderno é quase desconhecida, mas nos tempos antigos se tratava de algo comum.
O termo “jugo” tem duplo significado, sendo figuradamente no sentido de Submissão, opressão e autoridade,
tem também o sentido de canga com
que se jungem certos animais para determinados serviços, logo se trata do
trelamento de dois animais pelo pescoço, de maneira que um não pode ir para
qualquer direção ou parar sem o outro, o propósito do jugo é para manter os
dois animais bem perto um do outro e unidos de força trabalharem juntos.
Por muitas vezes Deus no VT,
usou o termo figuradamente. Ele falou que Esaú serviria a seu irmão Isaque (Gênesis.27.40),
também que se o povo Israel não cumprisse as leis e os estatutos que Ele lhes
havia ordenado, sofreriam maldições, dentre as quais seriam oprimidos sob um
jugo (Deuteronômio.28.15, 47-48). Na lei, Deus determinou que não se lavrassem
com junta de boi e jumento (Deuteronômio.22.10).
Os líderes religiosos em
Israel haviam posto sobre as pessoas a imposição de um jugo pesado, o povo se achava
cansado de tanto formalismo religioso e sobrecarregado por tanta imposição de
regras religiosas, sem contudo estas lhe trazerem o descanso. Quando o Senhor
Jesus esteve aqui no mundo Ele convidou as pessoas: “ Vinde a mim, todos os que
estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou
manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é
leve” (Mt.11.28 - 30). Havia um contraste grande entre o jugo e o fardo do
Senhor Jesus, com os dos líderes religiosos.
Em 2ª Coríntios 6.14 -
16, o apóstolo Paulo está tratando
especificamente de um comprometimento desigualado entre uma pessoa crente com outra descrente, isto está claro pelo termo que usa depois de declarar
“Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos ...”, logo em seguida
ele faz cinco perguntas cujas respostas têm como objetivo levar a cada crente a
refletir quanto à seriedade de se porem em jugo desigual com os descrentes:
1- “que sociedade tem a justiça com a injustiça?” Um crente justificado unindo-se em comprometimento
com o injustificado, não há sociedade
nenhuma.
2- “que comunhão tem a luz com as trevas?” O crente é luz e está na Luz, o incrédulo
está nas trevas e ele mesmo é trevas, portando na presença da luz as trevas têm
de dissipar não havendo nada de comunhão.
3- “Que harmonia há entre Cristo e Belial?” Cristo é divino, portanto de caráter digno e
bondoso, já Belial é completamente o oposto, não havendo a menor harmonia, da mesma forma é impossível
haver harmonia entre um crente com um
descrente.
4- “que parte tem o crente com o incrédulo?” Mesmo hoje, o descrente
não goza das bênçãos e dos gozos que o crente já desfruta, e no futuro os
destinos são opostos, tendo o crente o céu por herança eterna, o descrente o
inferno por destino eterno, não havendo parte
entre um e outro na presente vida nem na eternidade.
5-“ que consenso tem o santuário de Deus com ídolos?” No santuário
de Deus, com certeza Ele habita, não havendo nenhum consentimento da presença
de um ídolo porque Deus é Soberano criador e Santo e o ídolo é meramente a
expressão visível da imaginação humana e incrédula, inspirada pelo Diabo
inimigo de Deus. Assim da mesma forma não há consenso em uma pessoa crente juntar-se em jugo com o descrente.
Quando Paulo exorta aos
crentes a não se colocarem em jugo desigual, ele tem em mente uma associação,
ou seja uma união comprometedora entre um crente e um descrente. Jugo desigual
não abrange exclusivamente o aspecto matrimonial,
mas também comercial, social, e espiritual os quais a seguir estaremos tratando resumidamente.
Jugo desigual na área comercial: Em certas ocasiões bem pode um crente
querer tocar “seu próprio negócio”, mas suas condições financeiras não dá e ele
pensa em arranjar um sócio, ou às vezes surgem convites por parte de alguém
para uma sociedade. O crente poderá se juntar a outro em sociedade, e isso está
dentro dos padrões permissíveis pela ética cristã. Mas se o pretendente à
sociedade for descrente, o irmão ou irmã deve lembrar que tal sociedade não tem
a aprovação de Deus, e mais cedo ou mais tarde acabará trazendo com certeza
duras conseqüências, e todos devemos nos lembrar disso.
Jugo desigual na área social: Há certas sociedades que podem fazer parte da
vida social e que são prejudicial ao verdadeiro cristão, tal como um crente se
filiar a Maçonaria que é uma sociedade secreta com muitos mistérios que ninguém
saberá até estar dentro, e isso não lhe será revelado até que tal associado
tenha alcançado um grau superior, e quando ele descobrir já será tarde. Há bem
poucos anos em nossa região faleceu um Maçom, e como um irmão trabalhava para
um membro da Maçonaria, a título de curiosidade fomos ao velório que estava no
templo Maçom. O homem amigo nosso, começou a nos explicar algumas coisas
dizendo de início que em toda reunião se lê a bíblia, a seguir foi nos
mostrando certos símbolos e significados até que ele disse: “Até aqui posso
lhes falar, daqui para frente não posso”. Além da Maçonaria citada existem
outras como Rotary, Lions, associações de bairro, filiação a partidos
políticos, etc., que um verdadeiro cristão não deve se envolver, pois no
presente parece tudo muito bom e bonito, porém mais tarde, sem dúvidas, trará
amargura.
Jugo desigual na área espiritual: Existe um mal que está se alastrando
assustadoramente que se chama “ecumenismo”, que aparentemente a princípio se
trata de algo inocente, bonito, bom e até
bíblico, quando citam as palavras do Senhor Jesus em João 17.21 “a fim
de que todos sejam um;...”, citam-nas erradamente, pois aqui O Senhor está
falando de verdadeiros salvos, e não meramente de pessoas religiosas. Vejo duas
formas de “ecumenismo”: Primeiro o
“ecumenismo radical”, àquele dominado pelo catolicismo romano, que em seus
“cultos” assim chamados (o que é comum em formaturas, inaugurações, etc.), há
no mesmo púlpito a participação de padres católicos, pastores evangélicos,
líderes espíritas, líderes da LBV, etc. Esse tipo de “ecumenismo” tenta governar o mundo religioso, o próprio
significado da palavra “ecumênico” dá a idéia de ajuntamento universal, e isto
é nada menos do que o preparo para num futuro próximo após o arrebatamento da
igreja verdadeira, onde haverá a formação de uma igreja universal sob o comando
de um só líder, vide Ap. 13.11 a 18. Segundo
trata-se de um “ecumenismo parcial, restrito, sectário”, este á aquele que visa
à união só dos “evangélicos”. Quantos hoje estão aceitando uma associação
destas igrejas, realizando certos trabalhos em conjunto, como recentemente no
chamado dia da bíblia. Em Paranavaí por exemplo uniram-se “os evangélicos” para
uma passeata, e como me disse um “pastor”: “Temos
de mostrar nossa força evangélica...”.
Há também união para trazer
às cidades cantores e ex-artistas que dizem terem se convertido, e cobram alto
cachê, deve haver uma união para conseguir pagar tais artistas; outros deixam
de estar na reunião da igreja da qual é membro e vão assistir em uma denominação;
alguns trocam de púlpito, “hoje o pastor prega aqui, amanhã eu lá”. O pior é
que poucos estão apercebidos da artimanha satânica por trás disso. Deus quer
que Seu povo esteja unido, porém em jugo desigual Ele dispensa.

Jugo desigual na área matrimonial: Parece que este assunto é só para jovens, mas não é, é para todos (há tantos de cabeça branca que enviúvam e se casam em jugo desigual e se arrependem), porém os jovens são os mais visados. É normal os jovens quererem se casar, há no entanto uma diferença entre o jovem cristão e o não cristão, pois este diz: “se não der certo a gente se larga”, mas o cristão sabe que o casamento é indissolúvel enquanto vivem os dois. A palavra de Deus é muito clara quando diz: “Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos ...” (2ª Co.6.14), não precisava acrescentarmos nada mais se não fosse o “mundo” de argumentos que muitos jovens nos apresentam, para que “nós” concordemos com eles, como se fosse nós quem ordenamos: “Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos ...”. Vamos a seguir considerar três dos principais argumentos:
1- “Você não conhece ele
(a), ele (a) é melhor do que muitos crentes...”, concordamos que isso possa ser
verdade, mas não anula o mandamento: “Não vos prendais a um jugo desigual com
os incrédulos ...”.
2- “Ele (a) gosta muito de
ir à reunião da igreja, e assim eu posso ganhá-lo (a) para Cristo. Há anos ouvi
o seguinte: Certa moça namorava um moço descrente, e pediu a certo pregador
para que ele orasse pelo seu casamento, e para que ela pudesse ganhá-lo para
Cristo. “Não posso”, disse o pregador, “pois a palavra de Deus diz não”, e
continuou, “a próxima vez que seu namorado vir à sua casa, suba numa cadeira e
tente puxá-lo para cima”, ao que ela disse: “eu não consigo, pois ele tem mais
força do que eu”. Então o pregador concluiu: “é exatamente isso que vai
acontecer, se você se casar com ele, você será puxada para baixo haverá decadência
em sua vida espiritual, em vez de você conseguir levá-lo a Cristo por meio do
jugo desigual, ele te levará para longe dos caminhos de Cristo”.
3- “Não tem em nossa igreja
ninguém, para que eu possa namorar e me casar”. Cremos que também este argumento
é sem base, pois o crente deve entregar o seu caminho e seus cuidados ao Senhor
e Ele cuidará (Salmos.37.5; 1ª Pedro 5.7). Se é da vontade de Deus que o crente
se case, Ele haverá de providenciar a pessoa certa.
Até agora tivemos pensando
no jugo desigual entre um crente e um descrente. A seguir desejamos ir um pouco
mais além, notando que o jugo será desigual quando alguém crente de uma igreja
local se une em jugo com outra pessoa crente de uma denominação, e mais, pode
até mesmo ser um jugo desigual dentro da mesma igreja local, e isto em todos os
sentidos já considerados, comercial, social, espiritual e matrimonial
. Não será muito difícil qualquer crente perceber essa grande verdade, mas para
ilustrar vamos recorrer a dois exemplos no VT. Primeiro - (Deuteronômio.22.10) “Não lavrarás com junta de boi e
jumento”. Deus determinou que não se lavrassem com junta de boi e jumento,
ainda que ambos eram animais comumente usados para serviço pesado, o motivo de
Deus assim exigir é muito óbvio pois o boi é animal de estatura maior, de mais
forças e de passos mais lento que o jumento, não adianta por jugo sobre estes
que não dará certo. Se uma pessoa crente se põe em com alguém também crente de
uma denominação, há uma grande porcentagem de que mais tarde vão ter problemas.
Quando se trata no aspecto conjugal, o assunto é muito mais sério, pois é quase
que inevitável que o casal tenham filhos, e mais tarde o pai vai para uma
igreja e a mãe para a outra ficando as crianças sem saber para onde ir, e às
vezes os pais tem de perguntar: “você hoje quer ir à da mamãe, ou na do papai
?”, e a pobre criança tem de decidir uma difícil questão que ela mesma não tem
culpa, e se pensarmos nas diferenças doutrinárias surgidas entre o próprio
casal que muitas vezes poderão ser levadas a discussão ? Não é um caso e outro
isolado que conhecemos de crentes que se casaram em jugo desigual neste
sentido, e hoje o casal vive sem uma boa comunhão por causa de divergências
doutrinárias, e os filhos estão entregues ao mundo, e dizem: “não quero nem
saber de igreja, lá em casa é uma confusão, meu pai fala uma coisa e minha mãe
outra”. Também não deixa de ser igualmente séria a questão de um
comprometimento desigualado entre pessoas da mesma igreja local, quando alguém
é espiritual e mostra amor e dedicação à causa de Deus, e se casa com outro
indiferente, mais tarde um quer ir à reunião, ou fazer um serviço na obra do
Senhor, e o outro quer ou ficar em casa, talvez vendo televisão, ou passear.
Sem dúvidas haverá choque entre os dois e o que era espiritual muitas vezes
terá de ceder ao carnal para não haver uma complicação maior no futuro. Segundo: (Números. 36. 1- 10 favor ler
este trecho). Zelofeade era descendente de Manassés e morreu no deserto deixando
cinco filhas e nenhum filho. Deus ordenou que desse a elas possessão entre os
da tribo de manassés. Nisso os descendente de Manassés argüiram que se elas se
casassem com moços de outras tribos de Israel, a herança delas, e conseqüentemente
da tribo de Manassés diminuiria, e a tribo a quem o marido pertencesse
aumentaria. Em palavras simples isto quer dizer que havendo mistura de
casamento, ainda que fosse entre o mesmo povo de Israel, o prejuízo seria
inevitável, e Moisés entendeu e disse: “6 Isto é o que o Senhor ordenou
acerca das filhas de Zelofeade, dizendo: Casem com quem bem parecer aos seus
olhos, contanto que se casem na família da tribo de seu pai. 7 Assim a herança
dos filhos de Israel não passará de tribo em tribo, pois os filhos de Israel se
apegarão cada um a herança da tribo de seus pais. 8 E toda filha que possuir
herança em qualquer tribo dos filhos de Israel se casará com alguém da família
da tribo de seu pai, para que os filhos de Israel possuam cada um a herança de
seus pais. 9 Assim nenhuma herança passará de uma tribo a outra, pois as tribos
dos filhos de Israel se apegarão cada uma à sua herança”. Este ensino se adapta para hoje, visto que se
um moço ou moça venha a se casar com alguém de uma outra igreja, o prejuízo em
diminuição será inevitável. O Senhor não quer mistura, pois o casamento poderá
ser uma bênção ou uma tragédia se não for o cônjuge certo que Deus, e não você,
escolheu.
Finalmente, creio que
ninguém poderá tratar tal assunto com menosprezo, visto que “Não vos enganeis; Deus não se deixa
escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará”
(Gálatas.6.7), e “Horrenda coisa é cair
nas mãos do Deus vivo” (Hebreus.10.31). Prezado irmão e irmã, se Deus
estabeleceu uma ordem Ele sabe a razão porquê, e não será necessário
perguntarmos nada, é somente obedecermos, e a obediência trará somente bênçãos
e a desobediência trará somente duras conseqüências, como certo irmão pregando
disse: “toda desobediência terá seu justo castigo, e às vezes este é tão duro
que não vale a pena desobedecer”.
Severo Miguel de Oliveira
25 de fevereiro de 1998
Caso o leitor deseja de maior esclarecimento,
Favor dirigir-se a:
Severo Miguel de Oliveira
Caixa postal 605
Paranavaí – PR
87701-970
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