sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O DIVÓRCIO E UM NOVO CASAMENTO

O DIVÓRCIO E UM NOVO CASAMENTO

O assunto referente ao divórcio e novo casamento em nosso meio tem se tornado polêmico. Mesmo assim gostaria de trata-lo com cuidado a fim de ajudar aqueles que estiverem na dúvida e quem sabe que alguém defensor hoje de um novo casamento após o divórcio, possam refletir um pouco melhor e mudarem de opinião.
Infelizmente não faz muitos anos que a lei de divorciar-se e casar outra vez foi sancionada no Brasil e de lá para cá somente tem piorado as coisas nas famílias no modo geral, e evidentemente na sociedade, pois o lar é a base da sociedade, e se esta base for desestruturada certamente o mundo todo será arruinado.
Os defensores do divorcio e novo casamento, apresentam textos bíblicos afirmando que devemos obedecer e aceitar as leis do país, sendo assim devemos aceitar na comunhão da igreja aqueles que por um motivo ou outro se divorciaram e estão legalmente casados com outros cônjuges, porém se esquecem de que a bíblia sagrada nos deixa bem claro que quando a lei humana ultrapassa a de Deus, devemos rejeita-la (Dn.1.5, 8-9; 3.1-2; 6.8-10; At.4.5-6, 18-20; 5.21, 27-29 etc.). Evidentemente que os que afirmam, por ser a lei do divórcio regulamentada em nosso país devemos respeita-la, não admitiriam o casamento de pessoas do mesmo sexo que está em tramitação na câmara e senado da república, caso seja aprovada.
Alguns pretendem que um novo casamento após o divórcio seria lícito se a pessoa seja descrente antes da conversão e às vezes citam 2ª Co.5.17. Neste versículo se trata de nossa posição em Cristo, e não de nossa condição diante do testemunho local com seus múltiplos privilégios e responsabilidade. Nossa posição em Cristo é a que somos novas criaturas, reconciliados com Deus por meio de Seu Filho Jesus Cristo. Nunca duvidamos da posição de salvo, alguém que esteja comprometido conjugalmente com outra pessoa vivendo maritalmente, ou divorciados e casados novamente, contudo, descer às águas dos batismo e identificar-se com Cristo em Sua morte, sepultamento e ressurreição sem ser real, creio ser um risco por parte das pessoas envolvidas.
Alguém chega e nos afirma: “se um assassino, estuprador, ladrão etc. se converter e pedir batismo, seu pedido não será rejeitado, e ele será aceito na comunhão local e terá como os demais os mesmos privilégios e deveres, porque o que fizeram antes foi na ignorância e Deus já os perdoou em Cristo” e conclui dizendo: “o mesmo aconteceu com certos irmãos. Na ignorância casaram, divorciaram e casaram outra vez, e aí vieram a conhecer Cristo como salvador e se converteram, e tudo que foi feito na ignorância foi perdoado, e Deus não os aceitam ?” Cremos que posicionalmente a pessoa é perdoada por Deus com base no sacrifício de Seu Filho, mas condicionalmente não estão prontos para serem batizados e aceitos à comunhão local, haja visto viverem como marido e mulher sendo um de seus cônjuges ainda vivo, porque somente o que separa um casal perante Deus é a morte (Mt.19.6b). Por outro lado o apostolo Paulo dá em 1ª Coríntios 6.9-11 uma lista grande de pecados, e conclui: “tais fostes alguns de vós...”, se eles tivessem continuando naqueles pecados, estamos convencidos de que o próprio apostolo Paulo não admitiria que eles entrassem na comunhão da igreja em Corinto, apesar de posicionalmente serem salvos. Falando de nossa posição em Cristo, Paulo escreve em Gálatas 3.26-29, com destaque ao versículo 28 que: “não pode haver nem judeu nem grego; nem escravo nem livre; nem homem nem mulher”, porém, sabemos que na igreja sempre houve diferentes raças, patrão e empregados, homem e mulher, cada um porém cumprindo seu papel na igreja. Não podemos misturar as coisas.
Alguém argumenta: “Em 1ª Coríntios 7.15 diz que se o descrente quiser apartar, que se aparte, em tais casos não fica sujeito à escravidão, nem o irmão, nem a irmã, podendo assim divorciar-se e casar novamente, pois, segundo eles não será necessário ficar sozinhos se o seu cônjuge descrente foi embora não querendo mais viver com ele ou ela”. Examinando bem o contexto desse versículo, o que tinha acontecido em Corinto é o mesmo que tem acontecido hoje em todos os lugares, é que entre um casal, um dos cônjuges se converte e o outro não, aí surge a pergunta: Por causa disso vão se separar ?, absolutamente não (vs.10-11), se o descrente consentir em continuar vivendo junto com o que agora é crente; é bom notar que tal iniciativa parte do descrente e não do crente, pois como salvo sua iniciativa não será de separação, e nos é dado o motivo especial no versículo 14; porém, se o descrente por sua própria iniciativa quiser a separação, o crente deverá consentir, pois não estará sujeito a servidão, isto é, prezo a um cônjuge que não está disposto a viver com ele por causa de sua fé. A questão aqui tratada, não é de que tal pessoa (crente no caso) ao ser abandonada por seu cônjuge, por ser crente, estará livre para casar com outro, isto não será permitido aos olhos de Deus.
O casamento é muito séria e nenhuma pessoa deveria levar o caso em brincadeira, porque foi Deus quem instituiu o casamento (Mt.19.4-5; Gn.2.24), foi Deus quem fez o primeiro casamento (Gn.2.21-22, 24) e ainda Ele mesmo é testemunha em cada casamento ( Ml.2.14), Ele mesmo diz que odeia o divórcio (Ml.2.16).
Queremos acrescentar que o casamento não é somente válido para pessoas salvas é algo universalmente válido até mesmo que a pessoa seja um ateu, e disso temos como exemplo o próprio Heródes. Este tomou sua cunhada, a mulher de seu irmão Filipe enquanto ainda este era vivo. João Batista não o poupou deixando claro que ele estava possuindo a mulher de seu irmão ( Mc.6.16-18 ). Gostaria que os leitores observassem que mesmo que se tratasse de pessoas incrédulas, o casamento era válido. Outra coisa é que  mesmo tendo ela adulterado com seu cunhado, continuava sendo mulher de Filipe e Heródes não podia possuí-la. Afinal perguntamos: Nesta situação em que se encontrava Heródes casado (17) com Herodias mulher de Filipe, caso eles se convertessem, mudaria a situação ?, você acha que João Batista se calaria somente porque eles se converteram ?, a conversão deles os tornariam legitimamente casados e ela deixaria de ser mulher de Filipe ?, francamente a todas estas perguntas há somente uma resposta, não.
Neste assunto do divórcio e novo casamento, há alguns trechos no Novo Testamento que gostaria de considerar, como se segue:
Vamos iniciar pensando em Mateus 5.31. Ao examinarmos o contexto deste versículo, descobrimos sem muito esforço uma seqüência de fatos do Velho Testamento citados pelo Senhor Jesus. Em cada caso aparece a frase: “eu porém vos digo...” isso indica que o Senhor tem algo a esclarecer:
Primeiro, a mulher sendo repudiada inocentemente pelo marido, isto é, o marido foi embora sozinho ou com outra: neste caso ele está colocando-a sob risco de adultério, pois se ela (ainda que inocente) vier a casar-se com outro estará em adultério e, também aquele que com ela se casar.
Em segundo lugar observemos a frase: “...a não ser por causa de prostituição”. O Senhor Jesus, aqui, deixa bem claro que caso ela traísse o marido, ele por sua vez poderia repudia-la sem contudo ter o direito de novamente se casar. Será que o apostolo Paulo iria mais tarde, escrever aos Coríntios e contradizer o ensino dado pelo Senhor Jesus a quem ele servia ? De jeito nenhum.
Note que no caso de infidelidade por parte da esposa, o marido deixando-a, não estaria expondo-a ao risco de adulterar, pois ela já se tornara uma adultera, e foi exatamente isso que o levou a deixa-la. Em ambos os casos, ou seja inocência por qualquer parte, ou infidelidade, quem casasse com a repudiada cometeria adultério.
Vamos com igual cuidado considerar Mateus 19.7-9. Olhando os seis primeiros versículos, descobrimos que a origem da pergunta está nos fariseus, foram eles que fizeram a pergunta tendo o propósito de tentar o Senhor Jesus. A pergunta em si revela que a preocupação dos fariseus não era quanto a casar-se de novo, mas sim, a de repudiar por qualquer motivo. Nos versículos 4-6 o Senhor responde, levando-os a pensar no principio da criação, onde um homem e uma mulher, no ato do casamento tornaram-se numa só carne perante Deus. O versículo 7 deixa claro que os fariseus não gostaram da resposta do Senhor, pois não foi conforme eles queriam, e agora apelam: “...então porque mandou Moisés dar-lhes carta de divórcio ?”. É bom notar que Moisés não mandou como mais uma vez queriam eles que fosse. No versículo 8 o senhor Jesus diz que Moisés permitiu por causa da dureza dos corações deles (os judeus). Mandar é uma coisa e outra é permitir. No final do versículo 8 o Senhor volta a lembra-los que no principio não foi assim.
Resta-nos ainda considerar o versículo 9. Para que este versículo fique claro é necessário sabermos a que parte do VT os fariseus estavam referindo para falar sobre o assunto. Foi com base em Deuteronômio 24.1-4. No versículo 1: O homem casando-se e achando na sua esposa coisa feia, era-lhe permitido repudia-la e por obrigação dar-lha carta de repudio, e em seguida manda-la embora de sua casa. Nada mais se fala deste homem se casar com uma outra. Querer supor que ele agora estaria livre para novas núpcias, é aumentar a palavra de Deus.
Os versículos 2 e 3 deixam patente que ela (agora repudiada e com carta de divórcio às mãos) sairia a procura de aventuras, e indo achando “um outro marido” e, também esse a repudiasse, e lhe desse carta de divórcio, ou caso ele viesse a falecer, ela não poderia voltar a ser esposa de seu marido legitimo porque ela estava contaminada, e não porque ele tinha outra v.4. Moisés não mandou alguém, por motivo qualquer, divorciar-se, contudo permitiu em caso deste tipo. Isso foi por causa da dureza daqueles corações.
Creio ter ficado bem fácil entendermos Mateus 19.9. Era permitido repudiar a esposa, caso ele achasse nela coisa indecente, mas nunca lhe permitir casar-se com outra, pois estaria contradizendo as outras escrituras Sagradas que deixam o assunto mais claro ainda como veremos a seguir.
Marcos 10.10-12: “...qualquer que deixar a sua mulher e casar-se com outra, adultera com ela, e se a mulher deixar o seu marido e casar-se com outro, adultera”. Nestes versículos não apresentam motivo, pois não é preciso dizer que é em qualquer caso de separação, numa nova união conjugal a pessoa estará em pecado.
Em Lucas 16.18 o Senhor Jesus é taxativo: “qualquer que deixa sua mulher, e se casa com outra, adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido adultera também”. Veja que o marido a deixou e suponhamos que foi-se com uma outra. Ela é inocente, mas mesmo assim, quem se casar com ela comete adultério também. Porque razão ?, cremos que a bíblia nos fornece a resposta capaz de convencer o homem mais incrédulo, mas às vezes não os religiosos modernos. Vejamos algumas frases em Romanos 7.2-3 que não deixam duvidas: Versículo 2 “...enquanto ele viver está-lhe ligada pela lei; mas morto o marido, está livre da lei do marido”. Versículo 3 “...vivendo o marido será chamada adultera, se for doutro marido, mas se o marido morrer e ela se casar não será adultera”. Esse compromisso assumido, só perderá seu valor com a morte.
Finalmente consideremos 1ª Coríntios 7.10-11. O casal por motivo algum deve se separar, mas se vier por algum motivo a separar-se, a ordem do Espírito santo é que fique só, ou que se reconcilie.
Que Deus nos dê a graça para compreendermos Sua palavra e de aplica-la corretamente em nosso viver nestes dias confusos.

Severo Miguel de Oliveira
Caixa Postal 605
87701-970 - Paranavaí - Pr.     
Dia 02/03/1997

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